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sábado, 8 de março de 2014

CRIMEIA

Com longa história sangrenta, Crimeia abraça a resistência mais uma vez http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2014/03/08/com-longa-historia-sangrenta-crimeia-abraca-a-resistencia-mais-uma-vez.htm Andrew Higgins Em Sebastopol (na Crimeia, Ucrânia) 08/03/201400h01 Baseando-se em suas experiências como jovem oficial na artilharia das forças armadas da Rússia imperial durante a Guerra da Crimeia, de 1853 a 1856, Leon Tolstói descreveu em "Crônicas de Sebastopol" como um soldado russo ferido, cuja perna havia sido amputada acima do joelho, lidou com a dor agonizante. "A coisa principal, a sua honra, é não pensar", comentou o amputado de Tolstói. "Se você não pensar, não é nada demais. Praticamente tudo nasce de pensar." Praticamente ninguém na Crimeia, no entanto, parece seguir o conselho, principalmente aqui em Sebastopol. Com quase todas as ruas principais com o nome de algum herói militar russo ou de alguma batalha horrível, seu lindo calçadão na orla dominado por um "monumento aos navios afundados" e sua praça central em homenagem ao almirante imperial que comandou as forças russas contra as tropas francesas, britânicas e turcas no século 19, Sebastopol constantemente pensa na guerra e em suas agonias. Sebastopol nunca parou de pensar nas perdas de guerra, e sua população sempre é bombardeada com lembranças da Guerra da Crimeia, que envolveu um cerco à cidade que durou quase um ano, entre 1854 e 1855, e a Segunda Guerra Mundial, quando a cidade resistiu obstinadamente às forças nazistas, até que finalmente caiu em julho de 1942 --e nunca foi capaz de lidar com a cisão realizada em 1954 pelo líder soviético Nikita Khrushchev. Empunhando uma caneta em vez de uma faca, Khrushchev ordenou que Sebastopol e o resto da Crimeia fossem transferidos para a República Socialista Soviética da Ucrânia. Na época, a operação causou pouca dor, pois tanto a Rússia quanto a Ucrânia pertenciam à União Soviética, que cloroformizava as divisões étnicas, linguísticas e culturais com repressão. Quando a Ucrânia tornou-se uma nação independente e separada, perto do final de 1991, no entanto, Sebastopol --lar da Frota do Mar Negro da Rússia desde o século 18-- começou a reclamar, e seus gritos culminaram com a decisão do Parlamento da Crimeia na quinta-feira (6) de realizar um referendo no dia 16 de março sobre o rompimento com a Ucrânia e a formalização da integração à Rússia novamente. Os moradores, em júbilo, reuniram-se em Sebastopol. • "Estamos voltando para casa", disse uma moradora, Victoria Krupko. "Esperamos muito tempo por isso." Explicando as agonias da cidade esta semana para um grupo de visitantes, em sua maioria russos, no museu de Guerra da Crimeia em Sebastopol, a guia Irina Neverova contou como o Reino Unido, a França, a Turquia, a Alemanha e outras nações tinham tentado sem sucesso reduzir o domínio russo sobre a região ao longo dos séculos. "Cada pedra e cada árvore em Sebastopol está encharcada de sangue, com a bravura e a coragem dos soldados russos", disse Neverova, que se queixou dos livros escolares escritos sob as instruções das autoridades ucranianas que quase não mencionam o heroísmo de Sebastopol e preferem se concentrar nos feitos dos combatentes nacionalistas ucranianos no oeste da Ucrânia, a quem muitos russos veem como traidores e não como heróis. "Aqui obviamente é a Rússia, e não a Ucrânia", disse Neverova mais tarde em uma entrevista. Durante muitos anos depois do colapso da União Soviética em 1991, as vozes que pediam o retorno da Crimeia à Rússia eram uma coleção heterogênea de veteranos de guerra no Afeganistão e de grupos políticos marginais. Envoltos em bandeiras russas e soviéticas, eles regularmente pediam um referendo sobre o status da Crimeia, mas nada conseguiam, pois eram considerados apenas loucos perigosos nostálgicos da União Soviética. Mas tudo isso mudou no mês passado, quando manifestantes em Kiev, capital da Ucrânia, tiraram o presidente Viktor Yanukovich do poder. A televisão russa, muito assistida na Crimeia, e os meios de comunicação locais controlados por empresários pró-Rússia começaram a retratar a queda de Yanukovich como um golpe fascista. Isso transformou uma causa marginal e aparentemente condenada em uma reedição de lutas heroicas, permitindo que os inimigos do Estado ucraniano em Sebastopol se lançassem como herdeiros da resistência aos exércitos invasores de Hitler. Milhares de moradores se reuniram em Sebastopol diante do escritório do prefeito nomeado por Kiev, à sombra de um gigantesco monumento da Segunda Guerra Mundial, na praça Nakhimov, em homenagem ao herói da Guerra da Crimeia Pavel Nakhimov, e obrigaram-no a renunciar em favor de Alexei Chaly, um nacionalista russo e empresário conhecido por seu patrocínio a memoriais de guerra. Por toda a cidade, emergiu um grito de guerra ressuscitado dos cercos por potências estrangeiras no passado: "Aguente firme, Sebastopol". O slogan agora decora um palco montado na praça central para comícios pró-Rússia, com concertos do coro da Frota do Mar Negro e dançarinos cossacos. Nem todos aqui foram tomados pela maré de fervor patriótico russo, mas quem não se envolveu está mantendo a cabeça baixa. Victor Negarov, uma voz solitária de dissidência que organizou uma série de comícios pouco frequentados em apoio aos manifestantes em Kiev, foi espancado no mês passado por ativistas pró-Rússia. Ele se escondeu com medo de ser atacado. Sua foto, endereço, número de telefone celular e até mesmo detalhes da placa de seu carro foram divulgados na internet por grupos pró-Rússia, que o chamam de traidor em conluio com os fascistas. Negarov, um programador de computador de 28 anos de idade, causou especial fúria ao dar uma entrevista para a televisão ucraniana em que questionou a autoimagem de Sebastopol como uma cidade de heróis sempre vitoriosos, observando que a cidade lutou ferozmente, mas acabou perdendo para inimigos estrangeiros tanto na Guerra da Crimeia quanto na Segunda Guerra Mundial. "Na realidade, Sebastopol é uma cidade de perdedores", disse ele em uma entrevista por telefone, de seu esconderijo. "As pessoas aqui não gostam de ouvir isso, mas essa é a realidade da nossa história." Com as instalações militares ucranianas na Crimeia agora sitiadas por pistoleiros uniformizados fortemente armados e sem identificação, mas cujos veículos têm placas russas, Negarov vê pouca esperança de que a Ucrânia seja capaz de recuperar rapidamente o seu próprio território. "É uma situação muito ruim. Muitos apoiam as forças russas aqui. Eu não sei como consertar isso", disse ele, desanimado. "Quase todo mundo já sofreu lavagem cerebral." Enquanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, insistiu nesta semana que os homens armados não identificados que agora controlam a Crimeia não têm nada a ver com o Kremlin e são voluntários locais em autodefesa que compraram seus uniformes nas lojas, os moradores pró-Rússia em Sebastopol comemoraram sua chegada como prova de que Moscou se mobilizou para forçar a separação da Crimeia da Ucrânia. "Vamos continuar o que começamos. Temos a Rússia por trás de nós", diz um banner hasteado na frente do escritório do prefeito. Balaclava, um bairro periférico de Sebastopol, foi o local de uma das batalhas mais famosas da Guerra da Crimeia. Foi uma vitória russa rara durante o conflito e foi um golpe devastador para a moral das forças britânicas, que enviaram a "Brigada Leve" ao que o poeta inglês Alfred Lord Tennyson chamou de "vale da morte". O surgimento, no final de semana, de um longo comboio de veículos militares russos gerou êxtase entre muitos moradores de Balaclava. Quase todos falam russo e foram criados com histórias de bravura militar russa contra os invasores estrangeiros. A tomada russa da Crimeia já é tão completa que os voos comerciais para Kiev a partir do principal aeroporto da região, perto de Simferopol, a capital regional a 80 km de Sebastopol, agora saem do terminal internacional, em vez do doméstico, como faziam até a semana passada. A mudança sugere que Kiev e o resto da Ucrânia agora são classificados como território estrangeiro. Soldados russos patrulham o estacionamento do aeroporto e, embora ainda não tenham identificação em seus uniformes, pararam de fingir que não são russos. Quando perguntado de onde vinha, um soldado mascarado no aeroporto disse que estava com a infantaria russa e tinha sido enviado para a Crimeia há uma semana, em uma missão para proteger a região "contra o inimigo, a Ucrânia". Tradutor: Deborah Weinberg © 1996-2014 UOL - O melhor conteúdo. Todos os direitos reservados. Hospedagem: UOL Host

quinta-feira, 31 de maio de 2012

EUA introduzem controle total da Internet

Mesmo se você tem paranóia, tal não significa que não pode ser espiado, pelo menos na Internet. Se tiver uma saúde de ferro, pelos vistos, é espiado de qualquer modo. Se tiver dúvidas, basta conhecer a lista de palavras utilizadas pelo Ministério de Segurança Nacional (MSN) dos Estados Unidos (The Department of Homeland Security) para monitorar sítios e redes sociais na Internet. No sábado passado, o jornal britânico The Daily Mail publicou esta lista, comunicando que o MSN foi obrigado a divulgar este documento após uma exigência da organização de interesse público Electronic Privacy Information Center (Centro Informativo de Proteção da Privacidade na Rede). A lista, composta por centenas de palavras e frases feitas, é impressionante. Seria difícil imaginar que o emprego de tais palavras como “México” ou “China” por particulares no Facebook seja captado por programas especiais. A lista inclui praticamente todo o Oriente Médio e Extremo Oriente – Iraque, Irã, Afeganistão, Paquistão, Iémen, assim como a Coreia do Norte, Colômbia e Somália. O princípio de seleção é compreensível: a lista é dividida em tais categorias como “segurança interna”, “segurança nuclear”, “saúde e gripe aviária”, “segurança de infraestruturas”, “terrorismo” e outras. Compreende-se também a presença de expressões e palavras-chave, tais como “bomba suja”, “reféns”, “sarin”, “jihad”, “Al-Qaeda”. Mas ao lado encontram-se palavras do léxico habitual de qualquer usuário pacífico da Internet – “nuvem”, “neve”, “carne de porco”, “químico”, “ponte”, “vírus”… Pode ficar sob vigilância o autor de um posts sobre o Smart, carro popular na Europa, ou aquele que mencione a história de Caim e Abel. Destaque-se que é monitorizado o próprio termo “rede social”, ligado praticamente a tudo que é utilizado pela rede mundial. Os peritos do Electronic Privacy Information Center consideram que a lista inclui muitas palavras que podem ter sentidos diferentes, o que ameaça as garantias concedidas pela Primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proclama a liberdade de expressão. O Ministério de Segurança Nacional aceita em certo grau estas críticas. Segundo o secretário de imprensa do departamento, Matthew Chandler, é necessário considerar os algoritmos de programas de pesquisa. Ao mesmo tempo, em entrevista à edição eletrônica Huffington Post, Chandler declarou que a atividade do monitoramento da Internet se encontra na etapa inicial, sendo voltada para prevenir o terrorismo e controlar cataclismos naturais. Por outro lado, o responsável rejeitou liminarmente as suspeitas de o ministério ter utilizado as suas potencialidades para controlar a dissidência. Contudo, a julgar pela atividade do Electronic Privacy Information Center, nem todos concordam com ele. Ao mesmo tempo, o monitoramento da Internet e das redes sociais seria muito difícil sem a interação com líderes das tecnologias informativas. A Forbs escrevia neste contexto que, pelos vistos, o Ministério de Segurança Nacional tem certos acordos com tais companhias como Google, Facebook, Twitter e outras que permitem obter acesso a alguns programas de computador e controlar a Internet em regime próximo de tempo real. Entretanto, as maiores companhias dispõem de informações gigantescas sobre os clientes de seus produtos. No ano passado, tornou-se pública uma investigação do Wall Street Journal, segundo a qual o Google e a Apple recolhem, como se verificou, a informação sobre a localização de seus clientes não apenas através de gadgets portáteis, mas também com a ajuda de PC. Segundo a edição, a Apple guarda os dados sobre deslocações de seus usuários através de seus computadores Macintosh ligados à rede Wi-Fi. O Google faz o mesmo através de PC, cujos proprietários entram na Internet através do browser Google Chrome. Como destaca o jornal, as duas companhias declaram que a conservação destes dados é estritamente confidencial e que elas “não têm quaisquer intenções secretas”. Mas tal significa que de qualquer modo que você é espiado. Pergunte-se, contudo, qual será a abrangência geográfica de tais potencialidades deste Big Brother, descritas ainda em 1949 no romance de George Orwell “1984”. Na semana passada, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, declarou que especialistas invadiram o site da Al-Qaeda no Iémen e lá instalaram sua informação. Esta declaração foi qualificada como o primeiro reconhecimento de que os Estados Unidos efetuam operações cibernéticas. Mas, o importante é envergadura global desta atividade, que não reconhece fronteiras e barreiras linguísticas. Por Andrei Iliachenko 30.05.2012, 17:37 http://portuguese.ruvr.ru/

sábado, 26 de maio de 2012

O Holodomor, Novo Avatar do Anticomunismo “Europeu”

Autor: Annie Lacroix-Riz A partir de Novembro de 1917 sucederam-se sem descanso campanhas anti-bolcheviques tão violentas como variadas, mas a da “fome na Ucrânia”, lançada em 1933, voltou a aparecer com força nos últimos vinte anos. Desencadeia-se quando os grandes imperialismos, com a Alemanha e os Estados Unidos à cabeça, desejosos desde o século XIX de pilhar os imensos recursos da Ucrânia, se consideram em condições de o conseguir. A conjuntura é favorável ao Reich em 1932-1933, quando o Sul da URSS (a Ucrânia e outras “terras negras”, o Norte do Cáucaso e do Cazaquistão) foi atingido por uma considerável baixa de colheitas e o conjunto da União por dificuldades de abastecimento que provocou o regresso a um racionamento severo. Uma grave “escassez”, principalmente durante a “soudure” (período entre duas colheitas), não especificamente ucraniana, segundo a correspondência diplomática francesa; uma “fome” ucraniana, segundo os relatos de 1933-1934 dos cônsules alemães e italianos, explorados pelos Estados ou por grupos dedicados à cisão da Ucrânia: a Alemanha, a Polónia, centro principal de agitação em Lwow e o Vaticano. Esta escassez ou esta fome era resultante de fenómenos naturais e sociopolíticos: uma seca catastrófica sobreposta aos efeitos da retenção cada vez maior das entregas (abate de gado inclusive), a partir do fim dos anos vinte, feita pelos antigos koulaks (os camponeses mais ricos) rebeldes à colectivização. Esta fracção, em luta aberta contra o regime soviético, constituía na Ucrânia uma das bases do apoio à “autonomia”, máscara semântica de cisão da região agrícola rainha das “terras negras”, para além de principal bacia industrial do país, em benefício do Reich. O apoio financeiro alemão, maciço antes de 1914, tinha-se intensificado durante a Primeira Guerra mundial, em que a Alemanha transformou a Ucrânia, assim como os países bálticos, na base económica, política e militar do desmantelamento do império russo. A República de Weimar, fiel ao programa de expansão do Kaiser, continuou a financiar “a autonomia” ucraniana. Os hitlerianos, logo que conquistaram o poder, divulgaram o seu plano de conquista da Ucrânia soviética e todos os autonomistas ucranianos (as profundezas policiais, diplomáticas e militares em convergência), entre 1933 e 1935, aliaram-se ao Reich que na altura era mais discreto quanto às suas pretensões sobre o resto da Ucrânia. Com efeito a URSS não controlava na altura senão a Ucrânia oriental (Kiev-Kharkov), que voltara a ser soviética a partir de 1920, depois da cisão efectuada durante a guerra civil estrangeira: tinham-lhe arrancado grandes porções da Ucrânia, ou não lhe tinham sido atribuídas, apesar da afinidade étnica das suas populações, das promessas francesas em 1914 de entregar os despojos do império austro-húngaro à Rússia czarista aliada e da fixação em 1919 da “linha Curzon”. O imperialismo francês, um dos dois maestros (com Londres) da guerra estrangeira contra os soviéticos, e depois o “cordão sanitário” que se seguiu ao fiasco dessa guerra, ofereceu à Roménia, em 1918, a Bessarábia (Moldávia, capital Kichinev), antiga porção do império russo, e a Bucovina; a Checoslováquia recebeu directamente a Ruténia subcarpática; a Polónia de Pilsudski, em 1920-1921, a Ucrânia ocidental ou Galícia oriental, outrora austríaca – capital Lemberg (em alemão), Lvov (em russo), Lwow (em polaco), Lviv (em ucraniano) – com o apoio do corpo expedicionário francês dirigido por Weygand. E isto quando, em 1919, a “linha Curzon” (nome do secretário do Foreign Office) tinha considerado esse território “etnicamente” russo: a “Rússia” devia recebê-lo dos seus aliados quando em conjunto com os Brancos tivesse corrido com os bolcheviques, o que não veio a acontecer. Este distinguo geográfico é decisivo, porque Lwow tornou-se – e Lviv mantém-se – um centro importante do alarido alemão, polaco e do Vaticano sobre a “fome na Ucrânia, que começou no verão de 1933, ou seja, depois de uma excelente colheita soviética ter posto fim à crise dos abastecimentos. Se é que houve fome em 1932-1933, que atingiu o auge durante a “soudure” (entre as duas colheitas), o mês de Julho de 1933 assinalou o fim dela. A campanha foi alargada a todo o campo anti-soviético, Estados-Unidos inclusive, onde a imprensa germanófila do grupo Hearst se apoderou dela. A fome não tinha sido “genocidária”, como reconhecem todos os historiadores anglo-saxónicos sérios, tais como R.W. Davies e S. Wheatcroft, não traduzidos em francês, ao contrário de Robert Conquest, agente dos serviços secretos britânicos que se tornou um prestigiado “investigador” de Harvard, ídolo da “faminologia” francesa a partir de 1995 [1]. A campanha original nem sequer tinha esgrimido o “genocídio”: Berlim, Varsóvia, o Vaticano, etc. maldiziam Estaline, os soviéticos ou os judeo-bolcheviques, estigmatizando a sua ferocidade ou a sua “organização” da fome e descreviam uma Ucrânia empurrada pela fome para o canibalismo. Quanto aos franceses, atribuíam aos planos secessionistas do trio esse alarido lançado enquanto que o Reich prometia ao ditador polaco Pilsudski, se este restituísse Dantzig e o seu corredor, que lhe entregava de bandeja a Ucrânia soviética que em breve iriam conquistar juntos: François-Poncet, delegado do Comité des Forges e embaixador em Berlim, troçava dos soluços quotidianos debitados pela imprensa do Reich sobre o mártir ucraniano, truque grosseiro com intenções externas (anexar a Ucrânia) e internas (“difamar os resultados do regime marxista” [2]. A abundante correspondência militar e diplomática da época contraria a tese da ingenuidade dos “anjinhos” pró-soviéticos, cegos, durante a sua viagem de Setembro de 1933 à Ucrânia, às mentiras e mistérios de Moscovo, como Édouard Herriot: ou seja, a tese defendida em 1994 pelo demógrafo Alain Blum que iniciou em França o número dos “6 milhões de mortos”. Este símbolo concorrencial a que os ucranianos anti-semitas se agarraram tanto – era preciso pelo menos equiparar-se aos judeus, antes de passarem a ser muito mais, 7, 9, 10, 12, até 17 milhões pelo que conheço (para um efectivo total duma trintena de milhões de ucranianos soviéticos) – foi adoptado em Le Livre noir du Communisme em 1997 por Nicolas Werth. Mesmo assim este refutava na altura a tese “genocidária” que agora defende desde o seu empenhamento em “2000 num projecto de publicação de documentos sobre o Goulag (6 volumes, sob a égide da fundação Hoover e dos arquivos de estado da Federação da Rússia)” [3]. Número duplamente inaceitável: 1º Alain Blum deduziu-o de estimativas demográficas, visto que a URSS não fez nenhum recenseamento entre 1926 e 1939: ora, entre essas datas, no enquadramento de uma explosão industrial dedicada, desde o início da grande crise capitalista, à defesa contra a ameaça alemã, ocorreram gigantescas movimentações inter-regionais da população, que afectaram especialmente a Ucrânia agrícola colectivizada. O fraco crescimento da população ucraniana entre os dois recenseamentos não autoriza portanto a equivalência: défice demográfico igual a mortos pela fome; 2º o modo de cálculo da estimativa é absurdo: Alain Blum baseou-se em especialistas de estatística russos que em 1990 reagruparam o decénio de 1930 de perdas presumidas – 6 milhões – num único ano de 1933 [4]. O número fatídico foi retomado por “sovietólogos” franceses ligados, tal como Stéphane Courtois, ou não ligados, aos defensores da “Ucrânia independente” laranja. Absurdo supremo, na Ucrânia oriental teriam pois morrido em poucos meses tantas vítimas – duas ou três vezes mais – como os judeus que foram exterminados, de 1939 e sobretudo de 1942 a 1944, num território que se estende da França aos Urais; e isso sem deixar quaisquer vestígios visíveis, fotos ou escritos deixados pelo genocídio nazi. É neste contexto que se agitaram em França grupos “ucranianos”, como a associação “Ucrânia 33” que albergou o arcebispo de Lyon, e cujo presidente honorário era Monsenhor Decourtay. Depende da autoridade do Congresso ucraniano mundial, situado em Washington e presidido por Askold S. Lozynskyj, de quem o New-York Times publicou a seguinte mensagem no dia a seguir a 18 de Julho de 2002: “quando os soviéticos foram obrigados a recuar perante a invasão dos nazis em Junho de 1941, massacraram os seus prisioneiros […] da Ucrânia ocidental presos e internados às dezenas de milhares em 1939 […]. Isso foi executado com a ajuda dos comunistas locais, sobretudo os etnicamente judeus. Esse massacre infelizmente não constituiu uma aberração dos actos soviéticos na Ucrânia. Em 1032-33 na Ucrânia oriental, os soviéticos já tinham assassinado cerca de 7 milhões de homens, de mulheres e de crianças ucranianas através de um genocídio estrategicamente planificado de fome artificial. O homem escolhido por José Estaline para perpetrar este crime foi um judeu, Lazare Kaganovitch. O conhecido historiador britânico Norman Davies chegou à conclusão que nenhuma nação tinha tido tantos mortos como a ucraniana. O que foi em grande parte resultado dos actos dos comunistas e dos nazis. Os russos e os alemães eram uns bárbaros. Mas os judeus eram os piores. Traíram os seus vizinhos e fizeram-no com imenso zelo!” [5]. Estes anti-semitas frenéticos mostraram-se mais discretos em França, onde adulavam associações judaicas e a Liga dos Direitos do Homem em “colóquios internacionais” e em debates sobre “os genocidas” (judeu, arménio, ucraniano) [6], Exigiram em 2005-2006 a minha expulsão da universidade ao presidente de Paris 7, depois ao presidente da República Jacques Chirac, rotulando-me de “negacionismo” por ter dirigido pela Internet aos meus alunos um conjunto crítico de arquivos (abaixo citado) sobre os contos da carochinha da campanha germano-polaco-vaticana de 1933-1935. Acima de tudo não me perdoavam eu ter recordado em 1996 o papel, na Ucrânia ocupada pela Wehrmacht, da Igreja uniata da Galícia oriental submetida ao Vaticano e confiada ao bispo (de Lwow), Monsenhor Szepticky, que abençoou as matanças da divisão ucraniana SS Galicia saída dos grupos do uniata nazi Stefan Bandera [7]. Acrescentemos a esses dossiers comprometedores para os arautos do “Holodomor” que eu me atrevo a afirmar que a diabolização do comunismo e da URSS não resulta da análise histórica mas de campanhas ideológicas, que, não contente em ser marxista, sou judia e que um dos meus avós foi morto em Auschwitz – facto que tornei público em 1999, perante uma outra enorme campanha [8], e que todos esses excitados conheciam [9] elementos de natureza a mobilizá-los. Falhou a realização do sonho em conseguir até mesmo o apoio dos judeus de França para uma campanha contra uma “judia-bolchevique” mascarada de “negacionista”! A perseguição, contra a qual se levantaram o Snesup e o PRCF, que lançou em Julho de 2005 uma eficaz petição apoiada pela (única) Libré Pensée [10], abrandou depois de os “ucranianos” terem, a 25 de Maio de 2006, sob a protecção da polícia do ministro do Interior, N. Sarkozy, prestado homenagem no Arco do Triunfo ao grande progromista Petlioura. Emigrado em França depois dos seus crimes de 1919-1920, fora abatido em 1926 pelo judeu russo emigrado Schwartzbard, e a defesa deste último gerou a Liga contra o anti-semitismo (LICA) que em 1979 passou a LICRA. Esta denunciou por fim em 26 de Maio de 2006, através do seu presidente Patrick Gaubert, esses anti-semitas de choque – depois de vários avisos frustrados de cautela em relação à pretensa “negacionista” Lacroix-Riz. A algazarra dos grupúsculos “ucranianos” irá recomeçar aqui, estimulada pelo Parlamento europeu? A Ucrânia ocidental laranja, tutora (oficial) de toda a Ucrânia, ocupa de novo o centro de uma campanha que, desde a era Reagan – fase crucial do desmantelamento da Rússia posto em marcha a partir de 1945 pelos Estados Unidos – deve tudo ou quase tudo a Washington, tal como a precedente devia tudo ao dinheiro alemão. Os seus paladinos amontoam milhões de mortos duma Ucrânia oriental cujos cidadãos, embora dedicados ao primeiro chefe, nunca se juntaram à matilha. A CIA, como retaliação, armou-se em chefe de orquestra, apoiada 1º em ucranianos “anti-semitas e anti-bolcheviques, colaboracionistas importantes durante a ocupação alemã, emigrados quando a Wehrmacht foi expulsa da Ucrânia ou depois de Maio de 1945, para os Estados Unidos, para o Canadá ou para a Alemanha ocidental; 2º em algumas universidades americanas prestigiadas, entre as quais Harvard e Stanford, substituídas depois pelas universidades “ocidentais” (Europa oriental inclusive) que os financiamentos americanos recompensaram (em plena penúria de créditos públicos para investigação) com uma torrente de colóquios e de encomendas editoriais sobre “a fome genocidária na Ucrânia”. O apoio financeiro e politico americano gerou a campanha “Holodomor” dos governantes ucranianos – que em 2008 transformaram em herói nacional Stefan Bandera, “chefe da organização terrorista ucraniana na Polónia” [11] pretensamente “independentista” (não do Reich), criminoso de guerra emigrado em 1945 para a zona de ocupação americana, organizador, a partir da sua base de Munique, de assassínios em massa até aos anos cinquenta na Ucrânia que voltara a ser soviética [12]. Privado desse apoio, a algazarra abrandaria ou perderia todo o eco internacional. O “Parlamento europeu”, reconhecendo em 23 de Outubro de 2008 o “Holodomor (fome provocada artificialmente na Ucrânia entre 1932-1933) como “um crime horroroso perpetrado contra o povo ucraniano e contra a humanidade”, revela a sua estrita dependência em relação aos Estados Unidos, donos da Ucrânia “independente”, em concorrência com a Alemanha, onde a grande imprensa demonstra um zelo pró-ucraniano igual ao da actual Polónia, herdeira dos “coronéis” Josef Beck e consortes. Bibliografia sumária: conjuntura ucraniana, germano-vaticano-polaco-americana, Annie Lacroix-Riz, Le Vatican (réf. n. 7); Le Choix de la défaite : les élites françaises dans les années 1930, Paris, Armand Colin, 2006, rééd. 2007; De Munich à Vichy, l’assassinat de la 3e République, 1938-1940, même éditeur, 2008; e sobretudo síntese apresentada aos meus alunos em 2004, “Ukraine 1933 mise à jour de 2008”, (“Sur la ‘famine génocidaire stalinienne’ en Ukraine en 1933: une campagne allemande, polonaise et vaticane», www.historiographie.info), que desencadeou o furor dos defensores do “Holodomor”. A reter da bibliografia Douglas Tottle, Fraud, Famine and Fascism. The Ukrainian Genocide Myth from Hitler to Harvard, Toronto, Progress Book, 1987, esgotada, mas acessível na Internet: nele este antigo fotografo demonstrou que as fotos das campanhas ucranianas de 1933-1935 após a era de Reagan (artigos, obras, filmes) eram provenientes de colecções da fome de 1921-1922, balanço de 7 anos de guerra mundial e da subsequente guerra estrangeira e civil, e criticou violentamente de modo muito bem argumentado as origens escritas e fotográficas da obra mestra de Conquest (capítulo 7, “Harvest of deception” (“colheita de enganos”) e especialmente p. 86-90; Geoffrey Roberts, Stalin’s Wars: From World War to Cold War, 1939-1953. New Haven & London: Yale University Press, 2006, que calcula em “35 000 quadros militares e do partido na Galícia oriental [soviética] entre 1945 e 1951” o balanço dos massacres perpetrados pelos banderistas, p. 325. Notas: [1] Respectivamente, The years of Hunger, Soviet agriculture 1931-1933, New York, Palgrave Macmillan, 2004, e Harvest of Sorrow, New York, Oxford University Press, 1986, traduzido [para francês] em 1995 (e a minha síntese, bibliografia sumária) [2] Despacho 727 em Paul-Boncour, Berlim, 5 de Julho 1933, Europa URSS 1918-1940, vol. 986, relações Alemanha-URSS, Junho 1933-Maio 1934, arquivos do Quai d’Orsay (MAE). [3] http://www.ihtp.cnrs.fr/spip.php?article98 (site IHTP); sobre o papel anti-soviético desta fundação estreitamente ligada ao Departamento de Estado, referência do nº 1. [4] Alain Blum, Naître, vivre et mourir en URSS, 1917-1991, Paris, Plon, 1994, p. 96-99 et n. 61, p. 243. [5] http://zustrich.quebec-ukraine.com/news02_shmul.htm, tradução [em francês] ALR. O polonófilo Davies, que obteve o seu doutoramento em Cracóvia, deve a sua notoriedade à sua minimização da destruição dos judeus da Polónia, que o pôs em oposição a diversos historiadores americanos (Lucy S. Davidowicz, Abraham Brumberg e Theodore Rabb). [6] “Mémoires partagées des génocides et crimes contre l’humanité”, “colóquio internacional” do “Collectif Reconnaissance”, 28-29 Abril 2006, ENS Lyon, etc. (documentação inesgotável na Internet). [7] Le Vatican, l’Europe et le Reich de la Première Guerre mondiale à la Guerre froide (1914-1955), Paris, Armand Colin, 1996, reed. 2007, p. 414-417, e infra. [8] Quando foi contestado o meu trabalho sobre a invenção e a entrega ao Reich de Zyklon B “francês” (da fábrica de Villers-Saint-Sépulcre) pela sociedade mista Ugine-Degesch, Industriels et banquiers français sous l’Occupation: la collaboration économique avec le Reich et Vichy, Paris, Armand Colin, 1999, index. [9] E cuja prosa aparece regularmente durante a campanha deles de 2005-2006. [10] Entre as organizações contactadas, que não subscreveram, o PCF, a Liga dos Direitos do Homem, o MRAP, várias associações judaicas, o Comité de vigilância da utilização pública da história, a Associação dos Professores de História e Geografia (APHG), etc. [11] Despacho 30 de Léon Noël, embaixador em Varsóvia, 15 de Janeiro 1936, SDN, vol. 2169, Pologne, dossier geral, Fevereiro-Julho 1936, MAE. [12] Lacroix-Riz, Vatican, loc. cit., Tottle, cap. 9-10 ; Mark Aarons e John Loftus, Des nazis au Vatican, Paris, O. Orban, 1992, index Bandera; Christopher Simpson, Blowback. America’s recruitment of Nazis and its effects on the Cold War, Wedenfeld & Nicolson, 1988. N.T. Holodomor – termo que deriva da expressão ucraniana que tem como raiz as palavras holod (fome) e moryty (matar através da fome); nome atribuído à fome que devastou principalmente a Ucrânia durante os anos de 1932-1933. Uniata – nome que os ortodoxos conferiram de modo pejorativo aos ortodoxos que se uniram à Sé de Roma, tornando-se católicos de rito oriental. Snesup – Sindicato Nacional do Ensino Superior PRCF – Pólo de Renascimento Comunista em França – movimento político fundado em 2004. Comité des Forges – organismo francês de estudo e defesa dos interesses profissionais dos grandes industriais da siderurgia, fundado em 1864 e dissolvido pelo governo de Vichy em 1940.

sábado, 19 de maio de 2012

Chicago protesta contra cúpula da OTAN

Em Chicago teve hoje lugar uma manifestação de protesto contra a cúpula da OTAN, que decorre este fim-de-semana na cidade. Centenas de antiglobalistas saíram às ruas. Os organizadores prometem que este é apenas o início e que no domingo, dia da abertura da cúpula, haverá uma manifestação maior.
“Os moradores locais não estão muito entusiasmados com o encontro cimeiro. Com medo de provocações e distúrbios por parte dos antiglobalistas e ativistas do movimento Occupy Wall Street, os diretores de dezenas de empresas autorizaram os seus funcionários ou a trabalhar sexta-feira a partir de casa ou mesmo a não trabalhar sexta e segunda-feira. Milhares de residentes de Chicago preferiam sair da cidade durante os dias da cúpula. Em resultado, a cidade foi praticamente deixada aos turistas (que não percebem por que motivo as ruas estão desertas), aos antiglobalistas e à Polícia. Estes dois últimos preparam-se ativamente para possíveis confrontos.

Aliás, a Polícia e os serviços secretos têm sido bastante ativos, o que se nota especialmente por a cidade estar deserta. As margens do lago Michigan, onde Chicago se situa, e os numerosos canais estão sendo permanentemente patrulhadas por lanchas da Polícia e do Exército. De forma a reforçar a segurança, foram inclusive enviadas forças policiais de outros estados, o que irrita ainda mais os manifestantes. Diz um ativista:

“Estou furioso, estou simplesmente furioso por a questão de realização da cúpula da OTAN nesta cidade não ter sido resolvida de forma democrática. A decisão foi tomada exclusivamente pelas autoridades de Chicago e por pessoas de Washington, sem ter em conta a opinião das pessoas, a quem tudo isto causa inúmeros problemas. Hoje aqui em Chicago entendemos o que significa ser ocupado, entendemos com o que os habitantes de Bagdá, de Cabul, de Jerusalém todos os dias se deparam – com a ocupação por parte de forças estrangeiras”.

As autoridades locais estão constantemente a informar por rádio e pela televisão sobre o corte de determinadas ruas, uma das estações de metro estará fechada durante a realização da cúpula.

Os muitos turistas e jornalistas que vivem nos hotéis no centro da cidade receberam pulseiras especiais e foram ameaçados que, sem elas, nos dias do encontro não serão autorizados a sair do hotel. Nos hotéis, há quem tenha receio de provocação por parte dos manifestantes. Embora estes afirmem que tencionam protestar de forma pacífica, as próprias autoridades, através da mídia, fazem aumentar a tensão.

Recorde-se que a cúpula da OTAN vai decorrer em Chicago em 20-21 de maio.

Os principais temas da agenda serão: a conclusão da primeira etapa de criação do sistema de defesa antimíssil (DAM), a situação no Afeganistão e as reformas da própria Aliança. No encontro participarão representantes de 50 países, incluindo países vizinhos e aliados da Rússia – a Ucrânia, o Cazaquistão, o Quirguistão, o Uzbequistão e o Tajiquistão. Moscou, devido a divergências na questão da DAM e na cooperação com o Afeganistão, não enviou uma delegação representativa a Chicago. O Ministério da Defesa russo fez saber que não faz sentido a presença de representantes na cúpula, tendo enviado um dirigente de departamento, Zamir Kabulov, que tomará parte na reunião sobre o Afeganistão.

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Aviação militar: decepção com quinta geração de caças

Na Voz da Rússia foi realizada uma mesa redonda dedicada ao 100º aniversário da Força Aérea da Rússia e às perspectivas de desenvolvimento da aviação militar e da indústria aeronáutica nacional.
No evento participaram peritos militares e industriais russos bem conhecidos. No processo de melhoria do equipamento técnico da Força Aérea Russa e de criação de novos tipos de aeronaves, os especialistas russos analisam de perto a experiência mundial nesta área. O tema das principais tendências na indústria aeronáutica mundial foi discutido por Ivan Kudishin, editor da revista semanal Equipamento de Aviação e Mísseis.

Na última década, o ramo de veículos aéreos não tripulados (VANT) desenvolveu-se enormemente. Se no início de 2000 se falava somente de veículos de reconhecimento e vigilância (de todas as classes – desde muito leves a pesados), hoje em dia a ênfase está mudando em favor de VANTs de reconhecimento e ataque. Um exemplo notável é o concurso UCLASS da Marinha dos EUA para a construção de um VANT bombardeiro de ataque para porta-aviões. Os participantes do concurso são Northrop Grumman, a Boeing, a General Atomics e a Lockheed Martin. A criação de um VANT de convés é uma tarefa extremamente difícil: ele tem que pousar em um porta-aviões em movimento. A criação de VANTs descartáveis e reutilizáveis para uso com uma variedade de plataformas móveis, incluindo submarinos e aviões de patrulha, é hoje uma área chave no desenvolvimento deste tipo de equipamento.

Atualmente, foi reiniciado o desenvolvimento de uma plataforma de bombardeio e reconhecimento de nova geração, que irá substituir o material obsoleto (B-1B e B-52H), a partir de aproximadamente 2025. O avião deverá ser quase impercetível, subsônico, e, opcionalmente, tripulado. Isto significa que ele pode ser usado seja como VANT, seja como avião tripulado. O aparelho será equipado com uma vasta gama de armamentos de precisão e de baixa visibilidade.

Quanto aos aviões de quinta-geração, pode se dizer que a experiência de seu desenvolvimento nos EUA falhou. Um bom avião com grandes perspetivas de modernização e de expansão de suas capacidades militares, o Lockheed Martin F-22, foi construído em uma série muito pequena de 187 aviões, dos quais 2 se perderam em acidentes e um – em um desastre causado pela imperfeição do sistema de suporte de vida do piloto. Em serviço estão cerca de 160 aviões, dos quais apenas 55-65% estão prontos para combate.

O novo avião F-35, que está passando testes, sofre logo de duas doenças incuráveis: da excessiva universalidade e do crescimento descontrolado do custo. Apesar de sua aviônica avançada e de baixa visibilidade para os radares, o avião não possui velocidade de cruzeiro supersônica, tem capacidade de manobra e características dinâmicas limitadas, bem como uma modesta capacidade de carga. Os programas das modificações de convés, F-35C e F-35B, estão sob ameaça de encerramento. O custo de um avião F-35A para exportação é hoje de 122,8 milhões de dólares (apesar de o avião ter sido inicialmente posicionado como um aparelho de produção em massa e de custo inferior a 60-70 milhões de dólares), e o custo do F-35B atinge 190 milhões de dólares.

Como alternativa, as empresas Boeing e Lockheed Martin oferecem profundas modificações de aeronaves existentes F-15, F-16 e F/A-18E/F, que possuem uma visibilidade significativamente baixa e capacidades de combate avançadas.

Atualmente continua a produção de aviões médios de transporte militar estratégico Boeing C-17. A linha de montagem não será reduzida ou fechada, portanto as perspetivas de fornecimentos para a Força Aérea dos EUA se mantêm.

Continua a produção em série do avião C-130J Super Hercules, que ainda tem um bom potencial de exportação. Mas já muito em breve ele terá que competir com o avião de transporte Embraer KC-390. A Força Aérea do Brasil deverá receber estes aviões em 2014. O custo do C-130 é de 67 milhões de dólares, o valor declarado do KC-390 é de 50 milhões de dólares.

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domingo, 22 de abril de 2012

Moscou, sarcástica, sobre o Afeganistão de Obama

sexta-feira, 23 de março de 2012 | 18:13 MK Bhadrakumar (Indian Punchline)

A entrevista exclusiva que o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, concedeu ao canal de televisão Tolonews (e que foi ao ar no domingo à noite) será atentamente analisada em todas as chancelarias do mundo – tanto em termos do conteúdo quanto em termos da oportunidade. O pensamento dos russos sobre a situação afegã e multidimensional. Pode-se dizer que ali se misturam memória e prazer, porque os EUA estão hoje em situação comparável à que a União Soviética vivia na última metade dos anos 80. A principal diferença é que Moscou não inflige qualquer dor aos EUA, em retaliação ao que Washington fez para sangrar o Exército Vermelho durante a Jihad afegã. Mas, ao mesmo tempo, veem-se risinhos bem humanos em Moscou, ante as voltas que a História dá. Um traço forte do pensamento estratégico russo é a lógica gélida, além do realismo e de um pragmatismo que jamais descuida dos interesses nacionais. E, nesse caso, os EUA estão lutando a guerra dos russos contra o radicalismo e o terrorismo islamista – não importa se intencionalmente ou contra vontade. O que interessa à Rússia é erradicar os elementos extremistas perniciosos que ameaçam a estabilidade da Ásia Central a qual, lógico, é “o subventre macio” e mais vulnerável da Rússia. Moscou constata, deliciada, que o ocidente está tomando conta dessa importante questão, que economiza muitos recursos russos que, não fossem as coisas como são, teriam de ser investidos nesse front. A Rússia sempre calcula os rublos que tenha no bolso – bolcheviques em discussões incendiárias por fúteis questões ideológicas são exceção tola na história russa; e, depois deles, a história retomou o curso sobre o Volga. Assim sendo, se e quando Moscou dará algum apoio ao esforço de guerra de EUA e OTAN é questão que, compulsivamente, se trata em termos comerciais. Diferente do efervescente general Pervez Musharraf, que concorda espontânea e entusiasticamente em oferecer rotas aéreas pelo espaço paquistanês, portos e rodovias por terras e mares, para o transporte ad infinitum de suprimentos para a OTAN, Moscou insiste em cobrar de Bruxelas gordos impostos de passagem. E, se a OTAN quer helicópteros russos para o esforço de guerra, não haverá problema algum, desde que Bruxelas pague. A Rússia já firmou até um contrato de prestação de serviços com a OTAN, para reparos e manutenção dos helicópteros. Alguma coisa desse realismo inabalável e sem vacilações bem deveria ser muito admirada por paquistaneses (e indianos), admirada e copiada. A Índia, ao que parece, gastou mais de 1 bilhão de dólares no desenvolvimento da infraestrutura afegã. Mas, como Lavrov diz na entrevista, a disposição dos russos para reparar, consertar ou reconstruir a estrada (e túnel) Salaang (vital, como elo de comunicação entre o sul e o norte do Afeganistão) depende completamente de encontrarem-se outros financiadores para o projeto, apesar de a estrada e o túnel Salaang terem sido originalmente construídos pelos soviéticos e de Moscou conservar os desenhos e projetos daquela deslumbrante maravilha da engenharia. (Sugiro uma caminhada por dentro do túnel, como fiz uma vez, pelos 2,6 km de extensão do Salaang. Há até dutos de oxigênio, muito necessários naquela altitude de 4.000 m) Bem, obviamente Moscou lastima que os EUA, que estão sem dinheiro, tenham resolvido que “chega!” e estejam inclinados a zarpar o mais rapidamente possível do Afeganistão. Lavrov diz enfaticamente e sem piscar, que EUA e OTAN têm de cumprir o mandado que o Conselho de Segurança lhes deu, e que não podem sair de lá enquanto não houver estabilização alguma; e que nada justifica a retirada dos soldados em prazos definidos por “transição” ao longo de 2013, ou algum fim de alguma “missão de combate” em 2014. Para quem assista de longe, é como se Lavrov tivesse traçando o projeto para a OTAN, como se a Rússia fosse membro da OTAN. E isso significaria que Moscou, de repente, virou entusiasta da guerra – como se vê na Índia, a qual mais entusiasmada impossível, com a guerra liderada pelos EUA? Claro que não. Minha impressão é que Lavrov está perfeitamente consciente de que Barack Obama sempre decidirá a favor do que indiquem, exclusivamente, os interesses dos EUA; e, naquela dada situação, o que interessa aos EUA é livrar-se logo, de algum modo, daquela guerra inútil, que drena os recursos dos EUA e pesa como um albatroz no pescoço dos EUA, impedindo que prossiga sua marcha imperial de ataque a todos os recursos globais comuns. A questão, portanto, é por que Lavrov disse que a “missão de combate” tem de continuar. Em minha opinião – de quem observa há muito tempo as circunvoluções do pensamento de Lavrov –, ele está, exclusivamente, chamando a atenção de todo o mundo para a contradição fundamental que há nas políticas dos EUA: de um lado, dizem que já não há necessidade de “missão de combate”, e, por isso, sairão de lá até 2014; mas, simultaneamente, insistem em que é necessário permanecer lá… nas bases militares, até muito depois de 2014. De fato, a Rússia já entendeu – e está furiosa com isso – que os EUA estejam convertendo a guerra do Afeganistão em álibi, no movimento para instalar uma plataforma, com a qual os EUA contam para continuar a perseguir seus ‘alvos’ globais. É geopolítica, estúpido! De fato, Lavrov não poupa palavras em oposição ao plano de jogo dos EUA, para instalar bases militares no Afeganistão. Moscou vê claramente que Obama anseia por conseguir alinhavar algum pacto estratégico com Karzai antes da reunião de cúpula da OTAN em Chicago. Quer dizer: Moscou estima que esteja próxima a hora de a onça beber água. Parte substanciosa da entrevista de Lavrov tem por objeto a questão da reconciliação nacional no Afeganistão. O pensamento russo, parece, flui do seguinte modo: A) Moscou não se oporá à reconciliação com os Talibãs como tal. B) Mas Moscou quer que a reconciliação seja parte de um processo intra-afegãos. C) Moscou desaprova os contatos clandestinos entre EUA e os Talibãs e a total falta de transparência de todo o processo. D) Por outro lado, Moscou apoia Karzai – e pode-se pressupor que esteja sendo encorajada pela decidida disposição do presidente afegão de cuidar da própria vida e encontrar caminho próprio. E) A coisa toda deve andar na direção de um acordo inclusivo, que acomode os vários grupos afegãos. F) Gente de fora deve ter participação mínima, como meros facilitadores. Interessante. Lavrov não fez qualquer crítica, direta ou indireta, ao Paquistão. Nem defendeu qualquer papel especial para a Rússia nem, sequer, para a Organização de Cooperação de Xangai. Não parece esperar qualquer rápida estabilização no Afeganistão. Sem dúvida, Moscou planeja manter o problema afegão como uma espécie de referência, no “reset” das relações EUA-Rússia. A Rússia tem algumas vantagens aqui, e planeja servir-se delas. Exemplo mais recente e espantoso disso é a Rússia ter oferecido Ulyanovsk como armazém de passagem para transporte de suprimentos para a OTAN.

domingo, 4 de março de 2012

“Grande Satanás” versus “Eixo do Mal”: Israel e Estados Unidos preparam golpe contra Irã

Tags: Américas, Política, Israel, Comentários, Irã, Ásia/África, EUA, Mundo
Andrey Iliachenko 2.03.2012, 20:11

Para 5 de Março, em Washington, são marcadas conversações entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O tema principal é o comportamento em relação ao Irã.

Em janeiro, James Clapper, diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, e David Petraeus, diretor da CIA, declararam, em audiências do Senado dos EUA, que atualmente o fato da aprovação da decisão sobre a produção de armas nucleares pelo Irã não tem provas. Uma semelhante declaração foi feita pelo secretário norte-americano da Defesa, Leon Panetta, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas norte-americanas, general Martin Dempsey. No entanto, Tel-Aviv deu a entender oficialmente e através de meios de comunicação social que não pode responder por suas ações no pano de fundo da crescente ameaça iraniana, apesar de as suas ambições terem sido apoiadas no mundo apenas pela Arábia Saudita e pelo Qatar. Deste modo, Israel transformou-se no elo principal do processo de solução da mais grave crise internacional de hoje. Tanto mais que a retórica dura do Irã contra Israel, reforçada com ataques de mísseis sistemáticos, se interpreta como ameaça na sociedade judaica.

É evidente que Netanyahu pretende assestar um golpe contra o Irã, mas não pode fazê-lo sem os Estados Unidos, destaca o acadêmico Evgueny Primakov, que em diferentes anos dirigia o MRE e o Serviço de Reconhecimento Externo da Rússia.

Israel, contudo, não tem fronteiras comuns com o Irã. Não serão suficientes ataques aéreos conjuntos, “porque a aviação pode bombardear, mas a potência nuclear está escondida profundamente debaixo de terra. E as operações terrestres, se alguém tentar empreendê-las, terminarão com um fracasso, porque no Irã será mais difícil combater que no Iraque, considera Primakov.

Para além disso, Teerão pode responder com ataques de mísseis contra Israel e efetuar atos terroristas contra civis e militares dos EUA no estrangeiro, escreve o New York Times. Finalmente, é provável uma ameaça ao sistema petrolífero do golfo Pérsico. Pelos vistos, o Irã abandonará em resultado o Tratado de não-proliferação de armamentos nucleares. "Tal destruirá completamente o regime do Tratado, que é uma pedra angular da política externa americana", considera o tenente-general em reserva do Serviço de Reconhecimento Externo, Guennady Evstafiev.

Parece que é por isso que Obama, repetindo “não excluir quaisquer ações” em relação ao Irã, aponta contudo que os problemas económicos provocados por sanções levarão a perturbações sociais, que podem chamar à razão a direção iraniana ou trocá-la. Mas Obama não precisa na véspera das eleições de um campanha militar com resultados confusos.

A direção iraniana também não precisa desta campanha, enquanto o barrulho em torno do Irã pode ser até vantajoso. A 2 de março decorrem as eleições para o Parlamento iraniano e, no ano futuro, terão lugar as eleições do presidente do país. Uma pressão aberta e ameaças por parte do “Grande Satanás” e do seu irmão mais novo tornam-se um fator importante de consolidação do eleitorado em torno da elite governante. Pelos vistos, o Irã provoca ações duras dosadas do Ocidente, que são úteis na sua política interna.

Para 5 de Março, em Washington, são marcadas conversações entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O tema principal é o comportamento em relação ao Irã.

Em janeiro, James Clapper, diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, e David Petraeus, diretor da CIA, declararam, em audiências do Senado dos EUA, que atualmente o fato da aprovação da decisão sobre a produção de armas nucleares pelo Irã não tem provas. Uma semelhante declaração foi feita pelo secretário norte-americano da Defesa, Leon Panetta, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas norte-americanas, general Martin Dempsey. No entanto, Tel-Aviv deu a entender oficialmente e através de meios de comunicação social que não pode responder por suas ações no pano de fundo da crescente ameaça iraniana, apesar de as suas ambições terem sido apoiadas no mundo apenas pela Arábia Saudita e pelo Qatar. Deste modo, Israel transformou-se no elo principal do processo de solução da mais grave crise internacional de hoje. Tanto mais que a retórica dura do Irã contra Israel, reforçada com ataques de mísseis sistemáticos, se interpreta como ameaça na sociedade judaica.

É evidente que Netanyahu pretende assestar um golpe contra o Irã, mas não pode fazê-lo sem os Estados Unidos, destaca o acadêmico Evgueny Primakov, que em diferentes anos dirigia o MRE e o Serviço de Reconhecimento Externo da Rússia.

Israel, contudo, não tem fronteiras comuns com o Irã. Não serão suficientes ataques aéreos conjuntos, “porque a aviação pode bombardear, mas a potência nuclear está escondida profundamente debaixo de terra. E as operações terrestres, se alguém tentar empreendê-las, terminarão com um fracasso, porque no Irã será mais difícil combater que no Iraque, considera Primakov.

Para além disso, Teerão pode responder com ataques de mísseis contra Israel e efetuar atos terroristas contra civis e militares dos EUA no estrangeiro, escreve o New York Times. Finalmente, é provável uma ameaça ao sistema petrolífero do golfo Pérsico. Pelos vistos, o Irã abandonará em resultado o Tratado de não-proliferação de armamentos nucleares. "Tal destruirá completamente o regime do Tratado, que é uma pedra angular da política externa americana", considera o tenente-general em reserva do Serviço de Reconhecimento Externo, Guennady Evstafiev.

Parece que é por isso que Obama, repetindo “não excluir quaisquer ações” em relação ao Irã, aponta contudo que os problemas económicos provocados por sanções levarão a perturbações sociais, que podem chamar à razão a direção iraniana ou trocá-la. Mas Obama não precisa na véspera das eleições de um campanha militar com resultados confusos.

A direção iraniana também não precisa desta campanha, enquanto o barrulho em torno do Irã pode ser até vantajoso. A 2 de março decorrem as eleições para o Parlamento iraniano e, no ano futuro, terão lugar as eleições do presidente do país. Uma pressão aberta e ameaças por parte do “Grande Satanás” e do seu irmão mais novo tornam-se um fator importante de consolidação do eleitorado em torno da elite governante. Pelos vistos, o Irã provoca ações duras dosadas do Ocidente, que são úteis na sua política interna.

Texto extraído de:


www.diariodarussia.com.br